Esta obra é a síntese do que constitui a maior descoberta arqueológica do século XX: os manuscritos exumados em Qumrân, junto ao mar Morto, entre 1947 e 1956.
Com pena de mestre o autor esforça-se para esclarecer as relações entre os escritos de Qumrân, João Baptista, Jesus
e o cristianismo, deixando claro que parece certo que Jesus encontrou, no seu caminho, os essénios tendo estes feito
parte do seu grande auditório. Os escritos do mar Morto deixam transparecer que os traços comuns ao essenismo e à mensagem de Jesus se devem ao facto de Jesus e os essénios terem sido judeus que partilharam a mesma herança ancestral, com o seu património escrito, tradições, costumes e ritos.
Quanto aos elementos comuns aos textos essénios e aos escritos do Novo Testamento, segundo André Paul, deixam transparecer e até crer que os primeiros autores cristãos beneficiaram da maravilhosa e grande biblioteca dos essénios.
No ano em que se comemoram os cinquenta anos sobre a descoberta das últimas grutas de Qumrân (1956) este é um livro imperdível que tem o imenso mérito de estar muito bem documentado e de fácil acesso a todo o público em geral.
ANDRÉ PAUL, nasceu em 1933 no coração histórico de Cummings. Doutor em Letras e Teologia, diplomado em quatro línguas semíticas, entre as quais o hebraico e o aramaico, tem desenvolvido uma carreira de biblista, de historiador e de editor. É autor de obras de referência das quais o Instituto Piaget já publicou E o Homem criou a Bíblia.
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I - A DESCOBERTA DOS DOCUMENTOS E A SUA PUBLICAÇÃO 17
A rede das onze grutas de Qumran 19
A aventura dos sete primeiros manuscritos 19
As outras grutas onde se sucederam as descobertas 25
A publicação dos manuscritos e as suas turbulências 28
Os riscos da primeira fase 28
O tempo do despertar e das aberturas 31
Da impaciência legítima às revelações mercantis 33
Força e ambiguidade do salto tecnológico 36
A pré-história das descobertas do mar Morto 39
Orígenes, primeiro descobridor de manuscritos 39
Na pista medieval das grutas de Qumran 41
O alerta de um evento precursor 46
Os outros manuscritos do mar Morto 48
Wadi Daliyé 48
Khirbet Mird 49
Wadi Murabba'at 49
Nahal Hever 49
Massada 50
Síntese 51
CAPÍTULO II - A GRANDE BIBLIOTECA DE QUMRAN 53
O fundo diversificado dos livros bíblicos 55
Os testemunhos directos do texto sagrado 55
Testemunhos bíblicos condicionados 61
Livros à maneira da Bíblia 67
Velhos textos com roupagem nova 67
Obras maiores até então desconhecidas 71
Livros para uma comunidade santa 75
Recolhas de regras e de instruções 75
Textos para a oração e para o culto 79
Textos de utilizações diversas 82
A datação dos documentos de Qumran 83
As evocações históricas do texto 83
Os índices da língua e da escrita 84
O método do carbono 14 86
Síntese 88
CAPÍTULO III - O ESTABELECIMENTO DE QUMRAN E OS SEUS OCUPANTES 91
Os vestígios de um estabelecimento comunitário 93
Do olho dos visitantes ao lápis dos arqueólogos 93
A distribuição e a utilização da água 97
A sala de jantar dos convivas convidados 99
Os restos e a voz do domínio dos mortos 101
Os essénios de Qumran e não só 102
Dois escritores pagãos testemunhos dos essénios 102
Os autores judeus antigos testemunhos dos essénios 104
Qumran mas também e sempre Jerusalém 109
A vida comunitária de Qumran 113
A admissão de novos membros 113
A organização interna da comunidade 115
A oração e o culto divino 121
Do casamento resignado ao celibato de facto 126
A comunidade dos bens e dos recursos 131
Síntese 134
CAPÍTULO IV - OS ESSÉNIOS TESTEMUNHAS MÍSTICAS DO JUDAÍSMO 137
Refundação e fronteiras étnicas de Israel 139
A purificação fundadora do Exílio em Babilónia 139
A afirmação do critério genealógico de pertença 142
As grandes instituições da sociedade judaica 148
O Templo de Jerusalém e o sistema sacerdotal 148
A lei de Moisés e a sua autoridade santa 150
A visão profética como substituição do oráculo 154
Os dois calendários em concorrência 159
Riscos e perigos da modernidade grega 162
Os constrangimentos e as oportunidades de um universo novo 162
A vingança ambígua dos inimigos de ontem 164
O livre regresso dos Judeus à terra do Egipto 167
O irresistível salto cultural para o Ocidente 168
A helenização de Jerusalém e a guerra civil 172
Ambiguidades e desvios dos libertadores de Israel 174
A resposta diversificada da sociedade judaica 181
A voz dos irmãos distantes ou afastados 181
O papel dos grupos do interior 186
Os essénios ou a salvação pelo Exílio 192
Síntese 200
CAPITULO V - OS TEXTOS DE QUMRAN, JESUS E O CRISTIANISMO 203
Jesus de Nazaré, o homem do Norte 205
O espaço social e o terreno cultural da Galileia 205
Os inícios na Judeia com João Baptista 209
As virtudes mediáticas de Jesus de Nazaré 213
O Reino dos céus e do Filho do homem 216
A abertura literária do Novo Testamento 220
Descoberta verdadeira ou falsa 220
Uma literatura ao gosto do dia 222
As «Antiguidades cristãs» de São Lucas 224
Grandes temas aparentemente comuns 228
Verdadeira ou falsa Nova Aliança 228
Os filhos da luz e os filhos das trevas 232
A justificação com ou sem a f é 237
Fórmulas ou temas literalmente próximas 241
Filho de Deus e Filho do Altíssimo 241
Verdadeiras Beatitudes em Qumran 242
A queixa do irmão perante testemunhas 243
A comunidade como Templo de Deus 246
A figura celeste de Melquisedeque 247
Síntese 250
CONCLUSÃO 253
UM BEMOL SOBRE A PALAVRA «ESSÉNIO» 258
ANEXOS 263
SELECÇÃO BIBLIOGRÁFICA 289
CRONOLOGIA DA HISTÓRIA JUDAICA 291
QUADRO DOS MAPAS E PLANOS 293